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domingo, 2 de janeiro de 2011

Na posse, Dilma Rousseff projeta país de classe média sólida

Dilma Vana Rousseff, 63, foi empossada neste sábado a primeira mulher presidente da República do Brasil. 

Num longo discurso de posse no Congresso Nacional, em que citou o escritor mineiro Guimarães Rosa (1908-1967), Dilma fez várias menções à questão de gênero, louvou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e prometeu erradicar a miséria e transformar o Brasil num país de "classe média sólida e empreendedora''. 

A presidente chorou no final da fala, ao falar sobre sua participação na luta armada contra a ditadura e homenagear os que "tombaram pelo caminho''. Ela fez menção à tortura ao dizer que suportou as "adversidades mais extremas" infligidas a quem "ousou" "enfrentar o arbítrio''. "Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor''. 

Tendo na plateia ministros de Lula afastados sob acusação de envolvimento em escândalos, como José Dirceu e Erenice Guerra, Dilma prometeu ser "rígida" no combate à corrupção. "Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito." 

A forte chuva em Brasília impediu o desfile em carro aberto que a presidente faria da catedral até o Congresso, mas cessou no momento em que ela subiu a rampa para receber a faixa presidencial das mãos de Lula. O público que foi à Esplanada dos Ministérios era estimado em 30 mil pessoas pela Polícia Militar. 

Amanhã, Dilma comanda a primeira reunião de coordenação de governo. Sete ministros tomam posse hoje. A primeira preocupação da presidente é definir o corte nas despesas do Orçamento, estimado em estudos preliminares em pelo menos R$ 20 bilhões. 

PARLATÓRIO 

No discurso que fez ao povo reunido na Praça dos Três Poderes, a presidente focou em elogiar o seu antecessor a quem chamou de "o maior líder popular que este país já teve". 

Ela disse que o presidente Lula deverá contribuindo com o governo, mesmo após deixar o cargo. "Lula estará conosco. Sei que a distancia de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade", afirmou. 

"Ter a honra de seu apoio, privilegio de sua convivência, aprendido com sua imensa sabedoria são coisas que se guarda para a vida toda. 

Ela disse estar feliz -- "como raras vezes estive"-- e fez uma homenagem aos "companheiros que tombaram na caminhada", referindo-se à resistência política durante o período da ditadura militar (1964-1985), quando foi presa e torturada. 

No parlatório do Palácio do Planalto, ela repetiu pontos do discurso feito no Congresso Nacional e disse que irá governar "para todos os brasileiros". "Cuidarei com muito carinho dos mais frágeis". 

Emocionada, Dilma finalizou sua fala, dizendo que o Brasil tem condições de se tornar o "maior e o melhor país para se viver". 

DESPEDIDA DE LULA 

Após passar a faixa para Dilma, Lula saiu do parlatório. Depois do discurso, a presidente e o vice acompanharam o ex-presidente na descida da rampa do Planalto. 

Lula ainda abraçou as pessoas que estavam próximas ao palácio. O corpo a corpo também aconteceu na Base Aérea de Brasília. 

Antes de embarcar no Aerolula para São Paulo, o ex-presidente ainda ouviu uma banda tocar, entre outros, o "Tema da Vitória" e o hino do Corinthians.